top of page

Fomos pegar informações e voltamos matriculados

          Março de 1967. Eu estava desempregado. Minha avó, que morava na cidade de Taquara, falou sobre uma nova escola que iria abrir em Novo Hamburgo e que era profissionalizante. Resolvi dar uma olhada e fui para o centro pegar um ônibus e ir até a tal escola. Chegando no centro, encontrei dois amigos que me perguntaram o que estava fazendo e eu falei que iria ver a tal escola e pegar informações. Decidiram ir junto e lá fomos nós. Descemos na Br116, subimos o barranco, passamos por um campo, atravessamos um mato de eucaliptos e chegamos à rampa de acesso principal. Subimos e encontramos na entrada o diretor, sr Orlando Razzera, o contador, que depois descobrimos que era conhecido por Russo e o secretário da escola (que ainda não existia), sr. Plinio Dal'Agnol (acho que é assim). Nos receberam muito amistosamente e falaram sobre o curso, a matrícula e o início previsto das aula. Disseram que era um curso técnico, voltado para a área de Química, e que apresentava uma ótima perspectiva de trabalho após a conclusão bem como uma boa remumeração. Fizeram uma ótima propaganda e acabamos nos matriculando ma mesma hora. Eu ainda estava cursando o curso científico, à noite, no colégio 25 de Julho, mas meus dois amigos estava sem estudar já há alguns anos e mesmo assim se matricularam junto comigo. Mal sabia eu que estava naquele momento, me "casando" com a Liberato até que a aposentadoria nos separasse. Dia 12 de abril, um dia após completar 18 anos, la estava eu, juntamente com meus amigos, assistindo as primeiras aulas. Éramos duas turmas. A minha, na qual todos os do sexo masculino tinham pelo menos 18 anos e tinha o privilégio de ser turma mista e a outra turma, só de rapazes todos com menos de 18anos. Cada turma com 36 alunos. A carga horária era grande com 44 períodos semanais. Dois turnos com 4 aulas por turno, inclusive sábados pela manhã. O curso era "puxado" mas eu estava muito contente e estava indo bem apesar das dificuldades financeiras, pois não estava mais trabalhando e precisava me virar fazendo serviços extras para conseguir me sustentar no curso. Por sorte eu era fotógrafo e conseguia sempre serviços em fins de semana, além de dar aulas particulares de matemática. Na nossa turma, muitos faziam biscates para ter alguma grana. Tínhamos despachantes, fotógrafo, outro fazia alvejante a partir de cinzas, enfim éramos artistas, artistas mesmo , pois um era mágico e fazia apresentações. Bem essa é a primeira história de muitas que pretendo postar.

José Edevaldo Pulz

 

 

 

 

 

 

 

INÍCIO DIFÍCIL, MAS CHEIO DE EMOÇÕES

          A escola era um amontoado de estruturas vazias e abandonadas durante anos e anos e parcialmente tomada por um matagal. Construído mesmo, só o módulo onde hoje é a Eletro, mas mesmo assim parcialmente. Na parte superior, duas salas de aula e a administração e uma ou duas salas vazias. Na parte térrea, o auditório, a sala de desenho, a sala do almoxarifado com o material todo espalhado pelo chão e a esquerda de quem entra, um imenso salão onde estava o único laboratório de química, com bancadas de madeira. Eram quatro bancadas. Alí o professor Ketzler ministrava as aulas de Química Geral Prática e o professor Henrique as suas aulas de Análise Qualitativa. Na frente onde hoje está a Eletônica, um matagal de quase 1m de altura onde, durante o intervalo do meio dia, espantámos as perdizes que ali se escondiam. Um dia decidimos que tínhamos que ter um local para jogar volei. Pegamos na enxada e dentro de alguns dias, não havia mais o matagal e as perdizes, mas sim uma quadra de volei de chão batido.

          O acesso à escola era todo sem calçamento e de barro vermelho. Em dias de chuva era um problema para quem subia por ali. Havia um professor de Física, professor Fredi Jeckel, que tinha um carro Prefect(?) e sempre dava uma carona, mas quando chovia, muitas vezes tínhamos que empurrar o carro porque patinava no barro.

           Quando chovia o pessoal se molhava todo até chegar à escola e muitos, principalmente na turma só de rapazes, deixavam a roupa secando e ficavam só de guarda pó. A turma era engenhosa e valente como qualquer pioneiro. Não havia refeitório e o jeito era levar o almoço e esquentá-lo ao meio dia. Muitos moravam bem longe e esta era a alternativa e por isso ficamos sendo os "marmiteiros".

            Meu amigo e colega Luciano Schüller entendia de eletrônica e montou um pequeno transmissor de OM de curto alcance. Resolvemos montar a nossa RADIO na escola. Descobrimos que não era permitido, mas montamos mesmo assim porque o alcance teóricamente não saia dos domínios da escola. Pegamos uma sala vazia, ubimos no telhado e instalamos a antena e colocamos nossa Rádio no ar. Transmitiamos música, curiosidades e notícias relativas à escola ou relativas à Química. O pessoal acatou e começaram a trazerem radinhos e sintonizar na nossa emissora. Se tornou um sucesso e inclusive transmitiu um churrasco organizdo pelos alunos vizando arrecadar fundos para a viagem de formatura. Éramos modestos. Queríamos ir para a Europa o que obviamente acabou não ocorrendo. O churrasco foi um sucesso. O Valter Pinto fez uma grande apresentações de mágicas e nossas transmissões eram acompanhadas pelos radinhos. O Luciano, mais tarde, trabalhou na então radio Progresso. 

           Ocorream varios casos durante este período, mas estes vou contando à medida que for lembrando.

José Edevaldo Pulz

 

Se voce quiser participar, envie e-mail para edepulz@gmail.com
Seu relato será publicado com a devida identificação de autoria.
Participe.
 
 
Professor apavorado :  Esplosão no Laboratório.
 

           Aula de Química Inorgânica Prática  com o professor Ketzler. O professor demonstrava, para os alunos de nossa turma. as propriedades do Sódio. O Sódio em natura é muito reativo e, na presenca de água, reage violentamente formando Hidróxido de Sódio e HIDROGÊNIO, além de energia na forma de calor. Por sua vez, o Hidrogênio é altamente explosivo. Para demonstrar isso, o professor reuniu a turma em dois grupos e foi para uma área espaçosa do antigo laboratório e, com todo cuidado, jogou um pequeno pedaço de Sodio dentro de uma cuba com água. O efeito é bonito. O pedaço de sódio, ao reagir com a água, libera o Hidrogênio e devido ao calor, fica incandescente e começa a girar sobre a água até ocorrer um pequeníssima explosão ejetando o restante do fragmento incandescente para fora da cuba. O professor estava nervoso e muito cuidadoso para não provocar danos em ninguém, principalmente ele, é claro. O primeiro grupo assististiu e veio o segundo grupo, liberando o primeiro. Um dos alunos do primeiro grupo teve uma idéia "brilhante". Não vou citar o nome para não prejudicá-lo, mas seu apelido era "Didico". O Didico roubou um pedaço de Sódio e colocou num tubo de ensaio. Colocou o tubo no suporte e, agachado atrás da bancada para se proteger, colocou água no tubo. A resposta foi instantânea. O Sódio em contato com a água liberou o Hidrogênio e calor, mas como o Hidrogênio não podia sair devido a água por cima, explodiu violentamente gerando um corre-corre de todos. O professor veio correndo, brancão de apavoramento para saber o que tinha ocorrido. O Didico, com a maior cara de pau só falou " Eu só queria repetir o experimento". Tudo ficou numa boa, mas depois do intervalo de merenda, quando a outra turma foi para o Laboratório, nós em sala de aula no piso superior escutamos duas ou tres explosões no piso inferior. A notícia tinha se espalhado no intervalo e os outros não iriam deixar por menos. A nossa turma era "fogo". Um grupo de alunos montou um laboratório na casa de um deles e lá faziam suas experiências, mas isto é outra história semi-trágica.

José Edevaldo Pulz

O casamento do "pai" Adão

 

           A grande notícia da semana: Pai Adão vai casar no sabado! Bastou isso para que as "maldosas" mentes começassem a trabalhar. Temos que aprontar alguma pra ele! Um dava uma idéia, outro outra, até que alguém saiu com a idéia mirabolante: Nitrato de Prata !

            O nitrato de prata, quando em presença da luz, fica de cor escura devido à redução da prata e, uma vez ocorrido, leva um bom tempo para desaparecer a mancha. O problema era como passar o produto. Ficamos com a solução pronta para ser usada no ataque.

           Já estávamos quase desistindo da idéia pois já era sexta-feira e não tínhamos tido ainda a oportunidade. Ao meio dia, entretanto, o pai Adão nos propicio a oportunidade. Almoçou e deitou-se para descançar e todo mundo pronto para o golpe. Não deu outra! O cara pegou no sono e, quando acordou, o crime já havia se concretizado. Alguém, então, lhe deu um espelho perguntando "preocupado": - O que é isso na tua cara? Tá se sentindo mal? Pessoal, o pai Adão não está bem. Está com o rosto todo manchado de marrom.

           Todo o mundo veio ver e se mostrando muito preocupado com ele e falando " Cara, e agora, como é que tu vai casar deste jeito?" Ele sabia muito bem o que tinha acontecido, mas levou a brincadeira numa boa e, ao que sei, casou manchado mesmo.

José Edevaldo Pulz

Nitroglicerina é fácil de fazer

           Dia chuvoso. As portas de acesso para o laboratório permanecem abertas durante o intervalo do meio dia. Um aluno, que eu não vou dizer quem era, mas que era extremamente parecido comigo, chega para outro aluno que também não vou revelar, mas que tinha o nome de um grande general francês, e fala: - Cara eu tenho um livrinho de bolso que mostra como fazer uma série de coisas, inclusive Nitroglicerina. - Bom, falar em bomba para um cara com o nome de um general é a mesma coisa que jogar uma tocha num paiol de munições. - Legal, vamos fazer um pouco? - Vamos, mas e os ingredientes? - Pegamos no almoxarifado. Está aberto. Pegamos. O grande problema é que o livrinho dizia como obter, mas não informava nada sobre as condições em que o processo deveria se desenvolver, mas isto, para nós, não fazia a menor diferença. Acho que deve ter algum anjo que protege os iniciantes curiosos de química, pois quando íamos dar início ao processo, o Dorval, que na época era o auxiliar de química, chegou. Viu os dois loucos no laboratório e foi logo intervindo. - O que é que vocês estão fazendo?  O general respondeu de pronto: - Nitroglicerina. Naquele momento, olhando para o Dorval, eu jurava que ele era o legítimo representante da raça ariana. Branqueou e "berrou": - Estão loucos? Vão explodir a escola toda! Guardem tudo imediatamente! Ele exagerou um pouco, eu acho, "toda a escola?". Sinceramente creio que as últimas colunas, lá no extremo da escola, só iriam entortar um pouco (rsrsrs). Então é isso, por pouco não causamos uma nova "revolução francogermânica". O sobrenome do meu colega quase se justificou "quieramonte". Puxa, quase entreguei o cara, mas o sobrenome real não era bem assim, só parecido.

José Edevaldo Pulz

         Quando chovia a parte superior das marquises da frente acumulavam água devido aos furos, que davam vazão, estarem parcialmente entupidos.

         Vendo isso, alguns logo imaginaram um meio de sacanear alguém. Um grupo subiu e tampou os furos deixando o maior, no centro, com uma bucha fácil de ser retirada. Outro ficava em baixo para dar o sinal quando alguém estivesse passando embaixo. Quando o cara desse o sinal, o pessoal de cima retiraria a bucha e o banho seria total.

         Tudo armado e pronto a espera da vítima. E lá veio ela. Ao sinal, o pessoal tentou tirar a bucha, mas encontrou um pouco de dificuldade, demorando o tempo suficiente para a vítima passasse, porém logo atrás vinha o Sr Plínio, secretário da escola, como de costume, de terno e gravata. Quando a bucha saiu, o banho foi total. O Plínio, todo ensopado, foi para fora da marquise e viu o pessoal lá em cima. Fez um sorriso, deu meia volta, entrou no seu fusca e foi pra casa se trocar.

         Assim éramos. Quase uma família. Noutra situação o cara pegaria, no mínimo, uma suspensão, mas ali, não. Entrou no espírito da brincadeira e tudo bem. Aliás, todos os funcionários eram bons amigos do pessoal e participavam de muitas brincadeiras. O Delmo, com seu acordeom ( não gostava de ser chamado de gaiteiro), o Flavio o "cuidão", mas que fazia vistas grossas, o Dionísio dos serviços gerais (eu falei serviço?), o Anselmo (pudim) que era ronda, mas não resistia uma purinha, o Ivan (o Russo) que era o contador da escola e era uma “figurassa”, enfim todos formando uma “família”, a Família Liberato. Saudades!!!

José Edevaldo Pulz

Uma falha no plano

Reflexões: Por que a Liberato se tornou no que é hoje ?

                       Meditando sobre os motivos que levaram a Liberato a ser um polo de referência no estado, no Brasil e até mesmo no mundo, cheguei a algumas conclusões que quero compartilhar. A liberato já nasceu de um desafio. Uma escola  que se iniciava totalmente desacreditada, com fortes oposições, num local  fortemente inacessível e que precisou se implantar através de muito trabalho. Era um grande desafio realmente. A muito custo conseguiu arrebanhar 72 alunos oriundos, em sua maioria de Canoas, para dar início a um curso de Química numa região onde o que imperava era a indústria calçadista e que, portanto, pouco interesse tinha em uma escola de Química. Além disto já existia, em Estância Velha, a escola técnica de curtimento e que supria muito bem o mercado da região. O grupo diretivo de então não se deixou intimidar e conseguiu implantar o curso de Química que, por todas as dificuldades encontradas, só conseguiu iniciar em 12 de abril de 1967. 

                         O que  havia então? Um grupo diretivo, uma extrutura de funcionários , 72 alunos, muitas extruturas de concreto, um pavilhão semi construído, um monte de concreto no meio do matagal, um acesso através de estradas  de chão batido (barro vermelho), um laboratório  com bancadas de madeira, um almoxarifado com os materiais espalhados pelo chão (nem prateleiras tinha), um quadro docente e.... muita, mas muita vontade mesmo de fazer dar certo. Políticamente tinha o apoio necessário e isto foi descisivo para a implantação definitiva da escola. Sempre comparo os integrantes destes primeiros momento da Liberato (direção, corpo doscente, funcionários e alunos) como os primeiros imigrantes que vieram para cá e construíram este nosso estado. Fomos , sim, os desbravadores em todos os sentidos e muito me orgulho de ter sido parte deste início.

                           Toda a história da Liberato foi sempre de desafios e de um esforço conjunto para vencê-los. Outra característica da escola foi sempre o espírito inovador de seus integrantes. Não  há um sentimento de agora está tudo bom, mas sim de " que podemos fazer para melhorarmos ainda mais a escola como um todo. Foi assim que a escola, apesar de técnica, buscou uma aproximação com a area de cultura geral sempre procurando integrar o ensino visando uma formação integral do aluno. Em função disto , cometeram-se erros, houve "discussões" acirradas muitas vezes, mas tudo visando melhorar o todo. O curso de Química já tinha se tornado uma realidade e tornou-se um sucesso quando a escola entregou seus primeiros formandos à nossa indútria. A partir daí, nossos  formandos  passaram a ser altamente requisitados pelo mercado. Isto poderia ter levado a escola à uma acomodação, afinal, ela tinha atingido seu objeticvo de formar bons técnicos e passar de desacreditada no início a uma escola altamente valorizada no mercado.

                       A escola se acomodou? Não. Foi em busca de novos desafios e lançou no ano de 1970 os cursos de Eletrotécnica e Mecânica, Um novo desafio. Na época tínhamos o Parobé e o Simol de Taquara ponteando essas  áreas. E a Liberato procurou superar tudo e, novamente, pelo espírito  de luta de todos, conquistou mais um espaço no meio industrial, tornando-se referência também nestas área. Desafios.  Coragem e determinação. Aí estava, no meu entender, a chave do sucesso. Quando tudo parecia apontar para uma acomodação final, veio outro desafio. A escola lança o curso de Eletrônica, e este se torna um novo sucesso, não sem antes enfrentar grandes batalhas, mas que foram venciadas pela garra das pessoas que vestiram a nova camiseta. Hoje temos a eletrônica como ums dos cursos mais procurados da escola e com  ex-alunos ponteando em destaque no nosso mercado.

                              Bom, do nada, agora a escola já tinha quatro cursos de sucesso e por isso se acomodou. Mas que nada. Lá estava o espírito de desafio a instigar os membros a lançar mais cursos e eles foram se mltiplicando e se tornando sucessos. Vieram os cursos de Segurança do Trabalho e outros que surgiram depois de minha saída da Liberato. Mas esses desafios e sucessos foram só na área técnica? Não. O virus pegou também o pessoal da cultura geral e  esses tambem lançaram seus próprios desafios e também tiveram sucesso.  A MOSTRATEC, uma realização que abrange todas as área da escola e que é um sucesso internacional. O grupo do Coral. As integrações reais das disciplinas de cultura geral com as de cunho técnico, um trabalho modelo no ensino. Enfim, o que quero salientar é este espírito inovador  da escola.

                               Um outro fator que eu acho fundamental, e cuja semente foi plantada lá no início, é a integração do corpo docente com o discente. O nosso ( desculpem pelo nosso) aluno sempre foi envolvido no processo de desenvolvimento da escola e isto trouxe uma integração e um amor pela escola que permitiu mantê-la num patamar elevado. É claro que com o crescimento vertiginoso da escola, isto atualmente está mais difícil, mas ainda continua pautando as diretrizes da escola e, sinceramente, espero que continue.

                                 Houveram desentendimentos entre os membro da escola? Sim, mas a meu ver estes desentendimentos é que alimentaram o crescimento da mesma, pois dos desentendimentos veio o aprimoramento e a evolução do ensino dentro da escola. Sempre fui um "brigão", mas com o objetivo de melhorar a "minha" escola. Muitas vezes defendi idéias erradas, mas nunca me omiti e sempre respeitei aquilo que era do consenço geral e que era contrário às minhas idéias . Nunca assumi politica partidária mas sempre fiz política dentro da escola desde os tempos de aluno. Isto também ocorreu com muitos outros que defendiam suas idéias e lutavam por elas e, nesse caldeirão, é que se desenvolvia o virus dos desafios. Podem pegar qualquer área do ensino na Liberato e verão que as transformações sempre geram polêmicas, mas que, uma vez definidas eram batalhadas por todos. Quando todas as melancias da carroça se acomodarem, provavelmente já terão chegado ao destino e tudo "morre". É necessário, portanto esses desencontros de opiniões para que o sistema não caia no marasmo e se extinga.

                             Enfim,  em linhas gerais acho que este é o grande segredo do sucesso da Liberato: o eterno desafio em busca do melhor. Que orgulho eu tenho de ter sido parte desta história e ter, de alguma maneira contribuído com este sucesso.

José Edevaldo Pulz

Pobre Gelmo: a vítima.

               Intervalo do meio dia! De 11:40h até 14h, nada para fazer. Durante este tempo, uns namoravam, outros saiam para caminhar, alguns jogavam volei ou futebol de salão. Outros, no entanto, ficavam aprontando alguma para alguém.

     Nos fundos do prédio, bem lá no canto direito, havia um grande bueiro. Alguns alunos da turma A retiraram parcialmente a tampa e ficaram atirando uma bolinha de tênis de um para outro, já tudo previamente combinado. Num dado momento um jogou a bolinha dentro do bueiro e se fizeram de "salame" falando de como iam fazar para pegar a bola de volta. "Lembraram" que o Gelmo era pequeno e poderia entrar e pegar a bola. Pediram ao Gelmo e este, muito prestativo, entrou. Assim que entrou, o pessoal recolocou a tampa de volta, Parcialmente é claro, mas o Gelmo, de dentro não tinha como movimentá-la. Taparam e foram embora aprontar outras.

        Quando a aula começou às 14h, o professor começou a fazer a chamada e, ao chamar o Gelmo, o pessoal lembrou de que haviam esquecido dele. Saíram da aula e foram libertar o colega. O trauma do Gelmo foi tão grande que hoje, falando com ele, nem lembra mais. Mas os "carrascos" ainda lembram.

José Edevaldo Pulz

O tiro de canhão.

       

          Ao meio dia havia muita animação. As vezes jogos de vôlei, mas o forte mesmo era o torneio de futsal em que participavam equipes de cada turma além dos times dos funcionários e professores.

         O bonito eram as torcidas, muito participativas e, nas finais, papel picado rolos de papel higiênico e até mesmo alguns foguetes. Enfim, muitos que normalmente almoçavam em casa, muitas vezes almoçavam na escola, só para não perderem as emoções das “grandes” disputas.

         A quadra era de alta qualidade: Barro vermelho socado misturado com areia, mas isso era só um detalhe. Rente a linha lateral, de um lado uma parede de concreto e, do outro, as perigosas colunas de concreto da construção não acabada além de um “fosso” ao longo de todo o comprimento da cancha.

         Apesar dos perigos, nunca houve um acidente grave. O perigo estava fora da quadra, como veremos adiante.

         A torcida se distribuía ao redor da quadra, principalmente sobre as marquises da construção inacabada. Era uma posição privilegiada, pois dali se tinha uma visão ampla de toda a quadra,

         Haviam bons times e proporcionaram bons espetáculos ao som de muito barulho de gritos e charangas compostas de qualquer coisa capaz de produzir som. O bicho papão, no entanto, era o time da turma A da primeira turma de Química. Lá estava o Ney, o Keiber, o Nilson, o Guaracy e mais um que, me perdoe a falta de memória, no momento não lembro. Era um time muito forte e, por isso, respeitado e com boa torcida.

         Muitos assistiam de pé, na rampa que ficava atrás de uma das goleiras e entre estes, num destes jogos, estava uma garota conhecida por “Keka”. Estaria tudo bem se, dentro de campo, não estivesse o dono de um chute muito forte, o Keiber. Junte dois mais dois e teremos um acidente que praticamente acabou com a alegria do jogo. O Keiber acertou um tiro de canhão que não foi a gol, mas acertou em cheio a cabeça da “keka”. A menina caiu de costas, levantou e voltou a cair desmaiada.

         E depois disso? Bom, depois disso, o jogo terminou e todo mundo ficou muito preocupado com a “Keka” que, felizmente se recuperou e tudo voltou ao normal, menos para o Keiber que foi convocado pelo exército para trabalhar como chutador de obuses. Não ficou muito tempo e se tornou, mais tarde, um comentarista esportivo.

José Edevaldo Pulz

© 2023 por NÔMADE NA ESTRADA. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • b-facebook
  • Twitter Round
  • Instagram Black Round
bottom of page